Concebimento Doc. 6

Antologia poética 14 Temporada Palavras subliminares

                                       Concebimento

Venha em cenas, explico da maneira
que melhor alcance.

Se é chateza, se é difícil, se é processo, depende da comprovação, da palavra-chave, da superioridade.

Falar do já falado
deixa rastros, lembretes, imagens velozes
cruzando a criação.

Como um chaveiro
encaixa a chave, a participação se abre, o aconselhável acontece, prepara-se o instante
de entrega e despedida.

Dias terminam, horas conciliam, e o que ocorre
depende de nós.

Individuais ou coletivos, perdendo ou ganhando, o compromisso segue, a reprovação espreita, o jogo envolve, o preparo exige.

Memória se provoca, costuma-se ao que se vive.
Anima-se ao redor, comprova-se o instante.

Submeter-se ao necessário, à respiração pura, ao que outrora
me fez prevalecer.

Melhor anotar
do que ser chicoteado
por prejuízos.

Observar o humano, controlar a presença, o mínimo de escuta
antes que o chilrear
se torne incômodo, antes que a concessão
se perca
em dias de nuvens.

Enquanto houver diversões, formas e jeitos, o comutar depende
da valorização.

Que o dia acrescente, que não haja arrependimento
em ser, em sentir, em sobreviver, apesar de quem
nem me conhece.

Cogote

É recuperável, mas difícil recuperar
o ano que se foi, distraído em outros fatores, entregue à solidão
e às diferenças de escolha.

Preciso buscar, procurar aparências, maneiras e maneiras
de me dispersar.

Uma noite de estrelas, um coautor covarde, a vontade de desistência, o peso da cobiça.

Mas a entrega é verdadeira, a inteligência se expande, o improviso é exigido
e o iniciante cobra
o próprio esplendor.

Na cidade onde desejo
ser aos poucos conhecido, preencho cadernos, corto os cochichos, desconheço-me
nesta mudança de vida.

Escrevo na tela, componho um quebra-cabeça, puxo o coche
e, entre goles de coca, sacio um pouco a sede, antes mesmo de querer beber.

Coarctado, à disposição, o coaxar de um anfíbio
nas noites em que o hábito
de escrever me envolve.

Cobrir e descobrir, o cobertor no descanso
me devolve ao conforto
de um nível perdido.

Lembro das brigas
pelo espaço que ocupo, pela língua esplêndida
que cobiço, pelos segredos
de cada meio
onde me adentro.

Serei bom homem
para quem queira ser
boa esposa.

Mas parado fico, frente ao que amo escrever, sendo real escritor
da minha saga.

E se vier tarde, o coaxar me avisa.

Antes das migalhas
de côdea na mesa, antes que a espera
me devore, espero relatos
de um codificador coerente, que deixou escapar
o que um dia
quis nomear.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prefixo (CS) Doc. 4

                                 Prefixo (cs) Entre uma entrada, há sempre um senhor — e senhores de respeitavelmente íntegra índole — ...